Perdida no silêncio solitário da noite
As ruas vazias retratam minha solidão
O apego desapegado
Domina minha mente inquieta
O clima londrino permeia minha alma
De dentro para fora
A chuva é constante
A dor, incessante
O tempo passa
E tudo permanece exatamente igual
Nada se constrói
Tudo desmorona
Dia após dia
Como um amontoado de tijolos
Sem a menor perspectiva de solidez
Ao redor apenas palavras e gestos hostis
Lamúrias sem fim
Sem eira nem beira
A procura de uma vida feliz
Caminho sem saber para onde ir
Aterrorizada e sem conseguir discernir
Onde termina o bem e começa o mal
Decido seguir.
TL - 29/09/09 - 00h20
"Terá o dedo da morte de pousar de vez em quando no tumulto da vida para evitar que ele nos despedace? Tal será a nossa condição que devamos receber, diariamente, a morte, em pequenas doses, para podermos prosseguir na empresa da vida? E então, que estranhos poderes serão esses que penetram nossos mais secretos caminhos e mudam nossos mais preciosos bens, a despeito da nossa vontade?" Orlando. Woolf, Virgínia. p.38
terça-feira, 29 de setembro de 2009
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
Bagdad Café
E então chegou um dia em que ela se conformou.
Ela não sabia bem como, não sabia bem quando foi, mal sabia o porque.
Ela não sabia se queria se conformar, afinal, nem pensou nisso.
Mas se conformou.
Em uma noite qualquer, aqueles anos passaram por sua cabeça. Ela se lembrou de tudo. Fechou os olhos e sentiu aquela esperança que carregou durante anos em seu peito, escorrer como grãos de areia por entre dedos.
Ela balbuciou meia dúzia de palavras em uma mesa de bar. Tomou um gole de cerveja. Aquele gosto amargo conhecia muito bem. Era o mesmo gosto amargo que há tantos anos habitava sua boca.
Emudeceu de pavor. Seus pequenos olhos cor de mel abriram-se como se estivesse no escuro, a procura de qualquer coisa que lhe parecesse familiar. Ela procurava desesperadamente aquela dor. A dor da esperança do algo que jamais chegaria. Ela sempre soube que não chegaria. Mas essa dor era a única coisa familiar que ela tinha.
Não encontrou. Olhou dentro de si e nada. Estava aterrorizada. Pensava se havia perdido o que tinha movido os últimos anos de sua vida. Como poderia viver sem a esperança do algo que jamais chegaria? Justo ela, que jamais havia pensado que poderia viver sem sentir aquela dor!
Não! Ela não entendia, não aceitava! Estava confusa, pensava que era um momento apenas. Logo encontraria novamente a tal esperança, afinal, poderia ela viver sem a tal? Poderia ela pensar em si como um ser único e merecedor de algo que não fosse a esperança surrada de tantos anos?
Olhou pro seu all star tão sujo e surrado quanto a tal. Percebeu que havia cuidado de sua vida como cuidava de seu tênis. Sua boca, já machucada com o peso dos anos, se entreabriu e sussurrou algum adjetivo sobre si mesma que jamais se saberá. Respirou. Precisava se acalmar. Estava sozinha.
Pensou em pensar nisso no dia seguinte, como tantas vezes a aconselharam. Mas as luzes amarelas que vinham em sua direção a atordoavam. E agora?! Era a única coisa que podia pensar.
Seu carro a levava pra lugar algum. Decidiu ir pra casa. Já não era mais seguro estar ali, perdida em seus pensamentos.
Foi. Dormiu. Sonhou. Não se lembrou de nada quando acordou. O momento que mais temia ao longo de tantos anos chegara. Ela se conformou. Justo ela que jamais se conformara com coisa alguma, justo ela que jamais desistira!
Sim. Já não havia mais o que fazer. O que para ela sempre fora impossível, havia finalmente acontecido.
Ela percebeu então, que a dor de perder aquela tal esperança, era muito maior do que a dor de esperar por algo que jamais chegaria.
Percebeu que, se não morrera naquele exato momento, não lhe restava nada, a não ser recomeçar.
T.L. - 21/09/09 - 23h36 - #Calling You - George Michael
Ela não sabia bem como, não sabia bem quando foi, mal sabia o porque.
Ela não sabia se queria se conformar, afinal, nem pensou nisso.
Mas se conformou.
Em uma noite qualquer, aqueles anos passaram por sua cabeça. Ela se lembrou de tudo. Fechou os olhos e sentiu aquela esperança que carregou durante anos em seu peito, escorrer como grãos de areia por entre dedos.
Ela balbuciou meia dúzia de palavras em uma mesa de bar. Tomou um gole de cerveja. Aquele gosto amargo conhecia muito bem. Era o mesmo gosto amargo que há tantos anos habitava sua boca.
Emudeceu de pavor. Seus pequenos olhos cor de mel abriram-se como se estivesse no escuro, a procura de qualquer coisa que lhe parecesse familiar. Ela procurava desesperadamente aquela dor. A dor da esperança do algo que jamais chegaria. Ela sempre soube que não chegaria. Mas essa dor era a única coisa familiar que ela tinha.
Não encontrou. Olhou dentro de si e nada. Estava aterrorizada. Pensava se havia perdido o que tinha movido os últimos anos de sua vida. Como poderia viver sem a esperança do algo que jamais chegaria? Justo ela, que jamais havia pensado que poderia viver sem sentir aquela dor!
Não! Ela não entendia, não aceitava! Estava confusa, pensava que era um momento apenas. Logo encontraria novamente a tal esperança, afinal, poderia ela viver sem a tal? Poderia ela pensar em si como um ser único e merecedor de algo que não fosse a esperança surrada de tantos anos?
Olhou pro seu all star tão sujo e surrado quanto a tal. Percebeu que havia cuidado de sua vida como cuidava de seu tênis. Sua boca, já machucada com o peso dos anos, se entreabriu e sussurrou algum adjetivo sobre si mesma que jamais se saberá. Respirou. Precisava se acalmar. Estava sozinha.
Pensou em pensar nisso no dia seguinte, como tantas vezes a aconselharam. Mas as luzes amarelas que vinham em sua direção a atordoavam. E agora?! Era a única coisa que podia pensar.
Seu carro a levava pra lugar algum. Decidiu ir pra casa. Já não era mais seguro estar ali, perdida em seus pensamentos.
Foi. Dormiu. Sonhou. Não se lembrou de nada quando acordou. O momento que mais temia ao longo de tantos anos chegara. Ela se conformou. Justo ela que jamais se conformara com coisa alguma, justo ela que jamais desistira!
Sim. Já não havia mais o que fazer. O que para ela sempre fora impossível, havia finalmente acontecido.
Ela percebeu então, que a dor de perder aquela tal esperança, era muito maior do que a dor de esperar por algo que jamais chegaria.
Percebeu que, se não morrera naquele exato momento, não lhe restava nada, a não ser recomeçar.
T.L. - 21/09/09 - 23h36 - #Calling You - George Michael
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