tag:blogger.com,1999:blog-44592059197908918652023-11-16T10:40:42.822-03:00Paisagens Interiores"Terá o dedo da morte de pousar de vez em quando no tumulto da vida para evitar que ele nos despedace? Tal será a nossa condição que devamos receber, diariamente, a morte, em pequenas doses, para podermos prosseguir na empresa da vida? E então, que estranhos poderes serão esses que penetram nossos mais secretos caminhos e mudam nossos mais preciosos bens, a despeito da nossa vontade?"
Orlando. Woolf, Virgínia. p.38Thais Limahttp://www.blogger.com/profile/08165965158966335323noreply@blogger.comBlogger27125tag:blogger.com,1999:blog-4459205919790891865.post-25163382087298484902010-12-03T23:07:00.009-02:002010-12-03T23:30:37.684-02:00Live and Let DieE aí, como em todo processo cíclico - já conhecido de longa data -, você volta a se sentir entendiado. Pára (maldita nova regra gramatical onde "para" não tem mais acento, não consigo aceitar isso! ) e pensa os motivos pelos quais você se sente assim. Exatamente como te ensinaram na terapia. Aquele 'be-a-bá' tão conhecido entre os atormentados.<br /><br />Você cria milhões de teorias e motivos e pseudo-soluções. Nada adianta. E tudo bem, porque lá também te ensinam que é assim mesmo, você precisa continuar tentando encontrar o tal cerne da questão e que, só quando você encontrar, poderá 'superar' a tal sensação que você tenta reverter desde que você se conhece por gente.<br /><br />- So boring.<br /><br />A verdade é que é o de sempre. Uma sucessão de sensações estranhas que acontecem de tempos em tempos e que deixaria qualquer um apreenssivo. Muita gente se sente assim. <div><br /></div><div>- Fato.<br /><br />Você se sente confortável por alguns instantes, mas logo percebe que a sensação ainda está ali.</div><div><br /></div><div>- O óbvio é uma merda mesmo. Nossa...<div><br />E aí pensa o que poderia fazer naquele exato segundo. </div><div><br /></div><div>- Nada, né...<br /><br />E aí que talvez você não queira fazer nada. Talvez seja apenas uma questão de esperar passar.</div><div><br /></div><div>- Talvez.</div><div><br /></div><div>Final de todas as quartas-feiras, às 19h15.<br /><div><br /></div><div><object width="480" height="385"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/AnxxNScOOZ0?fs=1&hl=pt_BR&color1=0x402061&color2=0x9461ca"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/AnxxNScOOZ0?fs=1&hl=pt_BR&color1=0x402061&color2=0x9461ca" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="480" height="385"></embed></object></div></div></div>Thais Limahttp://www.blogger.com/profile/08165965158966335323noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4459205919790891865.post-12238848816041780742010-11-17T23:00:00.011-02:002010-11-18T00:12:49.953-02:00O dia em que fugi de casa<div><br /><div style="text-align: justify;">O título deveria ser 'uma das vezes que eu fugi de casa', já que eu comecei a "fugir" de casa aos 12 anos. Mas essa é outra história.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A verdade é que ninguém foge de casa aos 20 anos. A única pessoa que poderia achar uma coisa destas seria uma mãe, que é o caso.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Vou tentar contar de uma maneira engraçada, inclusive as partes que são semi-trágicas porque rir das coisas que passaram é o que nos resta no final das contas. Porém também preciso explicar detalhes importantes que são anteriores à fuga.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Um belo dia deu na telha do meu irmão se mudar para Floripa - temos a tendência de ter telhas meio soltas mesmo. E foi. E eu fiquei aqui, morrendo de saudade e de preocupação,afinal, se eu tinha 20, ele tinha 17 ou 18 anos.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Hoje eu sei que quanto mais novos, mais idiotas somos - essa equação é infalível! - e, nessa época idiota, eu resolvi ir à um cartomante - vejam só! Mas não pensem que era qualquer cartomante não! Era indicação de gente de confiança, amigona mesmo, de infância e tudo mais, sabe? Segundo ela, o cara falava TUDO sem você dizer absolutamente nada e ainda te contava TUDO o que ia acontecer no seu futuro, o que mais eu poderia querer aos 20 anos?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">E lá fui eu, para a casa do caralho, que nem sei dizer onde exatamente, mas era no extremo da zona norte - sim, eu fui idiota de ir, mas isso me rendeu boas risadas, uma história, um passeio delicioso com essa amiga querida e duas blusinhas que eu adorei usar durante anos, já que eles também tinham uma arara com roupas legais para as meninas acompanhantes se divertirem, enquanto esperavam as amigas se 'consultarem' com o tal guru.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Não dá pra esquecer o que ele me disse. Entre outras coisas que eu jamais me lembraria, ficaram duas bem interessantes: a primeira foi que o namoradinho que eu tinha na época, era 'meio gay' e já tinha 'se relacionado' com o primo, que também era meu amigo e o qual esse namoradinho morria de ciúme. A outra era que meu irmão - que tinha acabado de se mudar para Floripa e que sempre teve e ainda tem uns parafusos a menos - poderia sofrer um acidente ou poderia ser preso por causa de um conhecido que fazia umas coisas 'erradas'.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Pronto. O guru conseguiu me preocupar, já que eu não tinha dito a ele que meu irmão tinha ido morar em outra cidade, mas ele insistia que eu precisava avisá-lo dessa possível 'tragédia'.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Como se não bastasse, por algum motivo surreal, meu irmão que ainda não tinha dado sinal de fumaça, me ligou de lá nessa mesma noite, dizendo que estava com saudade e que as coisas lá não estavam às mil maravilhas. Bastou para dar em minha telha que eu tinha que ir até lá ver o que estava acontecendo.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Chegamos na parte que eu 'fugi' de casa.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Era final de ano, perto do natal. Eu não tive dúvidas: não falei nada em casa - já que eu sabia que minha ideia seria execrada - fiz minhas malas, liguei para minha amiga mais querida e mais antiga da vida e pedi carona até a rodoviária - essa não era a mesma do guru e sempre teve esse mesmo ímpeto de fugir de casa desde criança, mas como ela não tinha uma avó por perto, ela sempre fugia para a minha casa, que era no andar debaixo da casa dela. Eu adorava quando ela fazia isso! Passei as melhores e as piores coisas ao lado dela.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Eu tinha um dinheiro guardado - que nem sei como consegui porque eu não trabalhava, mas minha mãe trabalhava - que dava para a passagem de ida e para a passagem de volta, mais uns 50 reais que, na minha cabeça, dava pra passar 15 dias comendo pão com manteiga todos os dias. Minha intenção era arrumar um trabalho de garçonete enquanto estivesse lá. Também era minha intenção não voltar mais para São Paulo, acho que por isso minha mãe define essa viagem como uma fuga.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Liguei para os meus pais e disse que estava indo encontrar meu irmão em Floripa e que não sabia quando voltava. Ia passar natal e e ano novo por lá. Coitados, nenhum filho deveria fazer esse tipo de coisa com os pais.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Essa amiga usava um Uno Mille prata da mãe dela. Era engraçado porque quando ela dirigia, era uma aventura! Geralmente não estávamos nos nossos estados normais. Infelizmente, não temos noção do quanto a vida é boa enquanto ela é boa, só percebemos depois que tudo passa a ser a mesma coisa todo dia.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Cheguei na rodoviária, comprei a passagem e ela me colocou no ônibus, sempre me incentivando, como fazia desde que tínhamos 1 ano - e ela 2 - de vida.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Depois de passar 12 horas no ônibus, finalmente cheguei à Floripa. Não tenho como definir minha excitação e felicidade desse momento. Eu me sentia livre, havia rompido com todas as minhas ligações umbilicais. Meu irmão me esperava na rodoviária e aquele abraço em que eu pulei no colo dele é indescritível.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O dia estava lindo, ensolarado. Pegamos um ônibus para a casa que ele estava morando com mais três amigos. A casa era um quarto, com um armário, duas camas e um colchão. A cozinha tinha um fogão, uma geladeira, uma panela de macarrão e uma frigideira. E só. Essa era a casa. Em uma tranquila rua de terra, com um lago lindo um pouco mais a frente.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Eu poderia dormir no quarto com eles ou na cozinha. Decidi dormir na cozinha. Comprei pão com mortadela pra todo mundo no primeiro dia, afinal, todo mundo dividia tudo o que tinha e essa era a melhor parte.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Todo mundo conhece Floripa. As pessoas são bonitas e bem educadas, as praias são lindas e limpas e os "manézinhos" - como são carinhosamente chamados por causa da colonização portuguesa, em que o rei da época chamava-se Manuel (ah! um português chamado Manuel? Não diga!) - não iam lá muito com a cara dos paulistas. Porém ainda não sabíamos desta "xenofobia".</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Meu irmão, meus amigos e eu gostávamos muito de graffitti - e ainda gostamos, cada um à sua maneira - e uma noite decidimos levar um pouquinho da arte de São Paulo para Floripa, afinal, nada melhor do que deixar sua cor em outra cidade.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Estávamos em 6 amigos pintando tranquilamente - como fazíamos em São Paulo -, um muro de pedras, bem perto da casa em que estávamos morando, quando uma viatura de policias manézinhos passou. Disfarçamos, escondemos as latas de spray e saimos andando, também como fazíamos em São Paulo. Mas os manézinhos xenófobos sentiram aquele cheiro gostoso de tinta e resolveram voltar para averiguar o que estava acontecendo - acho que foi nesse momento que eu descobri uma das poucas coisas boas de ser menina.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Eu já estava do outro lado da rua, com uma mochila cheia de latas. Resolvi jogar a mochila no meio de um matagal ao meu lado. Os manézinhos policias resolveram também vir falar com a gente - os paulistas que iam pra Santa Catarina fazer baderna - sobre aquele "vandalismo", e dois dos meus amigos tinham latas no bolso.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Chegamos agora nas partes 'trágicas' da história.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Me perguntaram - a única menina, que salvou meu irmão e dois amigos - se eu conhecia os outros dois que estavam com as latas no bolso. Com um cutucão, quase chorando de culpa, eu disse que não. Nesse momento, um manézinho resolveu usar seu spray de pimenta nos olhos de um dos meus amigos e me disseram pra sair andando. Eu e mais três, tivemos que deixar dois para trás - essa foi a primeira vez em que me senti a pior pessoa do mundo.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Andamos um pouco e eu sentia horror de pensar que eles poderiam encontrar minha mochila no meio do mato. Um pouco adiante, precisei correr de medo. Os outros correram também. Entramos no meio do mato e dois caíram em um pântano. Mesmo em meio ao total pânico, caímos na risada, foi hilário.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Os manézinhos levaram meus dois amigos para a delegacia. Passaram a noite presos - já estavam acostumados a passar por esse tipo de coisa por serem pegos grafitando. A única que tinha carteira de motorista era eu, então peguei o carro de um dos amigos que foi preso e fui até a delegacia tentar convencer os policiais a não continuarem com aquela maluquice.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Quando cheguei, umas 6 da manhã, eles já nao estavam mais lá. Tinham sido liberados com a condição de limparem o muro no dia seguinte, com qualquer coisa que tirasse nossa arte de lá.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Os meninos passaram dias limpando o tal muro. E, nesta altura do campeonato - não havia celular, nem telefone na casa -, resolvi ligar para casa. Era natal e eu queria dizer olá. Me atenderam como se eu estivesse na Guerra do Vietnã. Me pediram pra voltar. Eu não queria voltar, estava feliz, em liberdade! Disse que estava bem, desejei feliz natal a todos, mas ninguém estava feliz com a minha viagem e eu estava realmente com fome. Não aguentava mais comer pão com manteiga. No entanto, não sofri com isso nem por um minuto.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Não consegui o tal emprego de garçonete, voltei pra casa 20 dias depois, já que não tinha mais como viver. Comi pão todo os dias, mas pude tirar a roupa às 5 da manhã e entrar no mar, dormir na areia no ano novo sem ônibus pra voltar pra casa, conhecer pessoas extremamente estranhas, ver meu amigo tomar água com a torneira fechada, brigar com um cara que estava gritando com uma mulher e conhecer uma ilha linda, de uma maneira excêntrica, exatamente do jeito que eu gosto de viver as coisas: com as veias e os nervos expostos.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Senti culpa por tudo isso durante muitos anos. Hoje posso dizer: essa foi a melhor viagem da minha vida e eu faria absolutamente tudo outra vez. Simplemente porque não existe maneira de romper nada na vida sem destruir as expectativas que você - e as pessoas ao seu redor - tem em relação à você.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div></div><div><br /></div><div><br /></div><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgj35DX6rVWQ6R_qRCpFBzFz7IMOuCZc5uJ_6o2XhI5Gcf8lh3BX5N2yEcbcMGZgX11m8hQofJsebngxNrNUwRxPQnMu2uCILKYA0BkBm5C2aBCyTCxq1Jhs28SA3X9HRR9iaw0aEeGKz2M/s1600/joaquina.gif"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 209px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgj35DX6rVWQ6R_qRCpFBzFz7IMOuCZc5uJ_6o2XhI5Gcf8lh3BX5N2yEcbcMGZgX11m8hQofJsebngxNrNUwRxPQnMu2uCILKYA0BkBm5C2aBCyTCxq1Jhs28SA3X9HRR9iaw0aEeGKz2M/s320/joaquina.gif" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5540692266254060546" /></a><div style="text-align: center;">Praia da Joaquina</div>Thais Limahttp://www.blogger.com/profile/08165965158966335323noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4459205919790891865.post-14287956155556393622010-06-24T10:56:00.001-03:002010-06-24T11:27:04.610-03:00"You have to lose<br />You have to lose<br />You have to learn how to die<br />If you want to want to be alive."<br /><br /><div style="text-align: left;"><object height="385" width="480"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/E-b37qFXvZw&hl=pt_BR&fs=1&color1=0x402061&color2=0x9461ca"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/E-b37qFXvZw&hl=pt_BR&fs=1&color1=0x402061&color2=0x9461ca" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" height="385" width="480"></embed></object></div>Thais Limahttp://www.blogger.com/profile/08165965158966335323noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4459205919790891865.post-81579986518233515662010-06-21T22:01:00.004-03:002010-06-21T22:29:56.632-03:00Do avesso<div>Se tudo começou no avesso</div><div>Se do fim nasceu um começo</div><div>Se quando eu estava, você fugia</div><div>Se quando eu fugia, você ficava</div><div><br /></div><div>Caída, você se esticava pra me dar a mão</div><div>Submerso, eu desesperada te procurava</div><div>De tanto procurar, perdi</div><div>De tanto gritar, não me fiz ouvir</div><div><br /></div><div>Hoje, sigo calada, no avesso de mim</div><div>Esperando o recomeço de um fim</div><div>Porque algumas vidas são assim</div><div>O revés de um sim.</div><div><br /></div><div>T.L. 21/06/10</div><div><br /></div><div>Procurei um samba pra nós dois. Não encontrei.</div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:12px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:Georgia, serif;font-size:130%;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:16px;"><br /></span></span></span></span></div><div><br /></div>Thais Limahttp://www.blogger.com/profile/08165965158966335323noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4459205919790891865.post-91323689288892204082010-06-18T10:43:00.001-03:002010-06-18T10:46:08.819-03:00Poema à boca fechada"Não direi:<br />Que o silêncio me sufoca e amordaça.<br />Calado estou, calado ficarei,<br />Pois que a língua que falo é de outra raça.<br /><br />Palavras consumidas se acumulam,<br />Se represam, cisterna de águas mortas,<br />Ácidas mágoas em limos transformadas,<br />Vaza de fundo em que há raízes tortas.<br /><br />Não direi:<br />Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,<br />Palavras que não digam quanto sei<br />Neste retiro em que me não conhecem.<br /><br />Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,<br />Nem só animais bóiam, mortos, medos,<br />Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam<br />No negro poço de onde sobem dedos.<br /><br />Só direi,<br />Crispadamente recolhido e mudo,<br />Que quem se cala quando me calei<br />Não poderá morrer sem dizer tudo."<br /><br />José SaramagoThais Limahttp://www.blogger.com/profile/08165965158966335323noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4459205919790891865.post-28479672167081461812010-06-17T12:58:00.001-03:002010-06-17T13:00:21.588-03:00"Sossega, coração! Não desesperes!<br />Talvez um dia, para além dos dias,<br />Encontres o que queres porque o queres.<br />Então, livre de falsas nostalgias,<br />Atingirás a perfeição de seres.<br /><br />Mas pobre sonho o que só quer não tê-lo!<br />Pobre esperença a de existir somente!<br />Como quem passa a mão pelo cabelo<br />E em si mesmo se sente diferente,<br />Como faz mal ao sonho o concebê-lo!<br /><br />Sossega, coração, contudo! Dorme!<br />O sossego não quer razão nem causa.<br />Quer só a noite plácida e enorme,<br />A grande, universal, solente pausa<br />Antes que tudo em tudo se transforme."<br /><br />Fernando Pessoa [2-8-1933]Thais Limahttp://www.blogger.com/profile/08165965158966335323noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4459205919790891865.post-7687349966953777852010-04-09T00:43:00.004-03:002010-04-09T01:03:38.924-03:00Desatando "nós"Um certo dia, ao acordar, ela percebeu que sua vida era como uma peça de teatro, em que diversos personagens já haviam passado. <br /><br />Personagens que ela havia criado, sem nenhuma intenção.<br /><br />Cada pessoa que passava pelo palco de sua vida era real, mas ela não havia aprendido a conviver com pessoas reais. <br /><br />Para amá-las, ela precisava enxergar o que elas não tinham e apagar o que ela sabia que ia dispensá-las de seus papéis.<br /><br />Com o passar do tempo, seus olhos deixavam de enxergar a essência de cada personagem e, cada vez que isso acontecia, ela sentia a dor de um tiro em seu peito.<br /><br />Aquela pessoa não poderia mais estar na palco de sua vida, pois ela apenas conseguia enxergar um amontoado de ossos se movendo, de lá para cá, de cá para lá.<br /><br />Após inúmeros tiros em seu peito, ela percebeu que precisava criar uma personagem tão fantasiosa, que ela jamais pudesse ver os ossos e que fizesse o papel principal de sua peça, eternamente.<br /><br />E assim ela fez. <br /><br />Essa “perfeita” personagem ficou durante anos no palco de sua vida. Ela passeava por seus olhos dia após dias, com toda a graça de sua juventude, com toda a beleza que poderia haver dentre todas as belezas que existem no infinito.<br /><br />Porém, em um certo dia, tudo se desfez. (“porque o amor é a coisa mais triste quando se desfaz”). Como areia escorrendo por entre seus dedos, a personagem já não fazia sentido em sua peça. <br /><br />Não porque ela havia enxergado seus ossos, mas porque, sem mais nem menos, sem querer, ela olhou para dentro de si e achou que tudo ao seu redor não passava de uma fantasia (“Deixa desilusão pra quem não sabe amar. E quem não sabe amar tem que sofrer. Porque não poderá compreender. Que o amor que morre é uma ilusão. E uma ilusão deve morrer”.)<br /><br />Neste momento de extrema dor e lucidez, ela teve que apagar as luzes do palco, que era a única coisa que ela tinha em sua vida. Ou, pelo menos, o que ela mais prezava em sua vida. <br /><br />Ela deu adeus à personagem mais perfeita e ilusória que já havia criado.<br /><br />Ela sabia que jamais veria os ossos dessa personagem, mesmo tentando ver, ela não via! Como ela poderia ver?! Nem ela mesma podia entender.<br /><br />Por mais que ela tentasse “matar” aquela personagem, ela não conseguia. (“Um verdadeiro amor nunca fenece e pouca gente ainda o conhece. Meu bem, se o teu amor morrer. É porque ninguém o entendeu”). <br /><br />Mesmo sabendo que ela amava a personagem e não a pessoa real por trás da fantasia. (“Você não sabe amar, meu bem. Não sabe o que é o amor. Nunca sofreu, nunca viveu. Querer saber mais do que eu”).<br /><br />Ela foi, então, obrigada a procurar pessoas reais para integrar sua vida real. E encontrou. (“Tá fazendo um ano e meio amor, que o nosso lar desmoronou. Meu sabiá, meu violão e uma cruel desilusão. Foi tudo o que ficou. Pra machucar meu coração”).<br /><br />E, há algum tempo, aquela personagem que se foi junto com toda a sua fantasia, permanece intocada. Ela foi atuar em outros palcos, exatamente do jeito que ela foi criada, muito menos perfeita, muito mais perdida. <br /><br />27/03 e 08/04/2010<br />T.L.<br /><br /><br /><object width="480" height="385"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/KdXQU8j3GqM&hl=pt_BR&fs=1&color1=0x402061&color2=0x9461ca"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/KdXQU8j3GqM&hl=pt_BR&fs=1&color1=0x402061&color2=0x9461ca" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="480" height="385"></embed></object><br /><br />"Quem sabe, não foi bem melhor assim.<br />Melhor prá você e melhor prá mim.<br />O mundo é uma escola.<br />Onde a gente precisa aprender.<br />A ciência de viver prá não sofrer“.<br />(João Gilberto)Thais Limahttp://www.blogger.com/profile/08165965158966335323noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4459205919790891865.post-79724901135894377112010-04-07T13:57:00.003-03:002010-04-07T14:05:44.895-03:006 Minutos(Otto)<br /><br />Não precisa falar<br />Nem saber de mim<br />E até pra morrer<br />Você tem que existir<br /><br />Não precisa falar<br />Nem saber de mim<br />E até pra morrer<br />Você tem que existir<br /><br />Nasceram flores num canto de um quarto escuro<br />Mas eu te juro, são flores de um longo inverno<br />Nasceram flores num canto de um quarto escuro<br />Mas eu te juro, são flores de um longo inverno<br /><br />Isso é pra morrer<br />6 minutos<br />Instantes acabam a eternidade<br />Isso é pra viver<br />Momentos únicos<br />Bem junto na cama de um quarto de hotel<br /><br />E você me falou de uma casa pequena<br />Com uma varanda, chamando as crianças pra jantar<br /><br />Isso é pra viver<br />Momentos únicos<br />Bem junto na cama de um quarto de hotel<br /><br />D'um quarto de hotel<br />Num quarto de hotel<br /><br />Não precisa falar<br />Nem saber de mim<br />E até pra morrer<br />Você tem que existir<br /><br />Nasceram flores num canto de um quarto escuro<br />Mas eu te juro, são flores de um longo inverno<br />Nasceram flores num canto de um quarto escuro<br />Mas eu te juro meu amor, são flores de um longo inverno<br /><br />Isso é pra morrer<br /><br />Você me falou<br />E eu estava lá e falei<br /><br />Isso é pra morrer<br />6 minutos<br />Instantes acabam a eternidade<br />Isso é pra viver<br />Momentos únicos<br />Bem junto na cama de um quarto de hotel<br /><br />E você me falou de uma casa pequena<br />Com uma varanda, chamando as crianças pra jantar<br /><br />Isso é pra morrer<br />6 minutos<br />Instantes acabam a eternidade<br />Isso é pra viver<br />Momentos únicos<br />Bem junto na cama de um quarto de hotel<br /><br />E você me falou<br />Num quarto de hotel<br />Num quarto de hotel<br /><br /><object width="480" height="385"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/Vq8VEgudNZE&hl=pt_BR&fs=1&color1=0x402061&color2=0x9461ca"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/Vq8VEgudNZE&hl=pt_BR&fs=1&color1=0x402061&color2=0x9461ca" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="480" height="385"></embed></object>Thais Limahttp://www.blogger.com/profile/08165965158966335323noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4459205919790891865.post-35348624190828142522010-04-05T10:51:00.003-03:002010-04-05T10:54:39.188-03:00Pedaço de mim(Chico Buarque e Zizi Possi)<br /><br />Ó pedaço de mim, ó metade afastada de mim<br />Leva o teu olhar, que a saudade é o pior tormento<br />É pior do que o esquecimento, é pior do que se entrevar.<br /><br />Ó pedaço de mim, ó metade exilada de mim<br />Leva os teus sinais, que a saudade dói como um barco<br />Que aos poucos descreve um arco e evita atracar no cais.<br /><br />Ó pedaço de mim, ó metade arrancada de mim<br />Leva o vulto teu, que a saudade é o revés de um parto<br />A saudade é arrumar o quarto do filho que já morreu.<br /><br />Ó pedaço de mim, ó metade amputada de mim<br />Leva o que há de ti, que a saudade dói latejada<br />É assim como uma fisgada no membro que já perdi.<br /><br />Ó pedaço de mim, ó metade adorada de mim<br />Lava os olhos meus, que a saudade é o pior castigo<br />E eu não quero levar comigo a mortalha do amor, adeus.<br /><br /><object width="480" height="385"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/JIFWpMzwUnc&hl=pt_BR&fs=1&color1=0x402061&color2=0x9461ca"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/JIFWpMzwUnc&hl=pt_BR&fs=1&color1=0x402061&color2=0x9461ca" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="480" height="385"></embed></object>Thais Limahttp://www.blogger.com/profile/08165965158966335323noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4459205919790891865.post-78304195526278873922010-02-26T19:01:00.003-03:002010-02-26T19:11:13.315-03:00Despedida<div><span class="Apple-style-span" style=" line-height: 18px; font-family:'Trebuchet MS', Verdana, Arial, sans-serif;font-size:13px;">Roubei do blog da Acácia. </span></div><div><span class="Apple-style-span" style=" line-height: 18px; font-family:'Trebuchet MS', Verdana, Arial, sans-serif;font-size:13px;">Sem palavras.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style=" line-height: 18px; font-family:'Trebuchet MS', Verdana, Arial, sans-serif;font-size:13px;"><br />"Quando você chorou eu chorei<br />Como se a dor fosse minha também<br />Você quis parar e eu escutei e quando fugiu eu tentei entender<br />Quando me pediu eu mudei, como me aceitava eu fiquei<br />Não tava em teu mundo e por isso eu sofri<br />Mas quando te procurei me perdi<br />Por que foi que eu me perdi...?<br />Aonde eu vivia você não<br />E onde eu voava você era o chão<br />Você caminhava era em meu coração<br />Como não me escutava eu gritei<br />Assim você ouviu a minha voz mas não entendeu a dor em mim<br />Era tudo tão perfeito pra você que me achei errado e me calei<br />Por que foi que eu me calei...?<br />Por que nunca ouviste a tua voz?<br />Por que se esconder tanto de você?<br />Eu sei bem os erros que eu cometi<br />Mas podia obrigar-te a me querer<br />Nunca fui capaz de te dizer o porque e o quanto eu te amei<br />Eu sei que me afastei de ti mas te afastaste de mim também<br />Te afastaste de mim também<br />Me lembro sempre do teu olhar<br />O brilho fugido do meu<br />Me prendendo na tua solidão me fez tão triste<br />Mas pra sempre feliz<br />Quis fazer de ti a minha salvação<br />Mas me vi sozinho e acho que desisti<br />Se quando você chorou eu chorei<br />Eu vou saber que ao me achar eu te perdi" </span></div><div><span class="Apple-style-span" style=" line-height: 18px; font-family:'Trebuchet MS', Verdana, Arial, sans-serif;font-size:13px;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style=" line-height: 18px; font-family:'Trebuchet MS', Verdana, Arial, sans-serif;font-size:13px;"><br /></span></div><object width="480" height="295"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/cJbLvQkCwRc&hl=pt_BR&fs=1&color1=0x402061&color2=0x9461ca"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/cJbLvQkCwRc&hl=pt_BR&fs=1&color1=0x402061&color2=0x9461ca" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="480" height="295"></embed></object><div><br /></div><div>Wilco - I Am Trying To Break Your Heart (Wilco sempre engole meu coração)</div>Thais Limahttp://www.blogger.com/profile/08165965158966335323noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4459205919790891865.post-53937854121662113542010-01-12T14:35:00.007-02:002010-01-12T15:57:13.407-02:002.8<span class="Apple-style-span" style=" color: rgb(51, 51, 51); font-family:'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif;font-size:13px;"><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color:#CCCCCC;">Depois dos 26, você passa a analisar o que deveria ou não ter feito, o que poderia ou não ter feito, o que deve ou não fazer e o que pode ou não fazer. </span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color:#CCCCCC;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color:#CCCCCC;">Você deixa de pensar o que você QUER, de fato, fazer. </span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color:#CCCCCC;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color:#CCCCCC;">É a fase de se reeditar. Dolorosa.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color:#CCCCCC;"><br /></span></div></span><div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif;font-size:13px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#CCCCCC;">Então, nesse aniversário, eu vou pensar o que eu quero e não o que eu devo ou posso.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:13px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#CCCCCC;"><br /></span></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif;font-size:13px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#CCCCCC;">O meu desejo, cada vez mais forte, é o de pegar a estrada e viver livre das bolas de ferro que eu mesma criei.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:13px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#CCCCCC;"><br /></span></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:13px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#CCCCCC;">Ter uma casa com uma horta no quintal, colher o alface pro almoço ou o manjericão pro espagueti ao pesto do jantar, sabe? </span></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:13px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#CCCCCC;"><br /></span></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:13px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#CCCCCC;">Criar periquitos livres, observar um João-de-Barro carregar gravetinhos para construir sua casa e ver gatos esparramados pelos sofás, dormindo como bebês. </span></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:13px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#CCCCCC;">Ouvir cigarras. </span></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:13px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#CCCCCC;">Sentar na grama e olhar um amontoado de estrelas. Quem sabe ver uma cadente e dar um nome a ela! </span></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:13px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#CCCCCC;">Sentir o cheiro da chuva chegando. </span></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:13px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#CCCCCC;">Olhar para o horizonte. E ver apenas um horizonte e mais absolutamente nada além dele. </span></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:13px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#CCCCCC;">Ah, como é lindo ver dois arco-íris, um ao lado do outro. </span></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:13px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#CCCCCC;">O som de uma tropa de cavalos correndo, me encanta. </span></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:13px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#CCCCCC;"><br /></span></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:13px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#CCCCCC;">Tão simples esses meus sonhos. Tão distantes esses meus sonhos. </span></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:13px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#CCCCCC;"><br /></span></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif;font-size:13px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#CCCCCC;">Nossa maior prisão é a que construímos para nós mesmos e, há algum tempo eu criei uma perpétua, na qual tenho sobrevivido nos últimos anos. </span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:13px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#CCCCCC;"><br /></span></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif;font-size:13px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#CCCCCC;">Mas minha pena está no fim! Alguém me disse que ela está. </span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:13px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#CCCCCC;"><br /></span></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif;font-size:13px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#CCCCCC;">Afinal, eu ganhei alguns descontos por bom comportamento.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:13px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#CCCCCC;"><br /></span></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif;font-size:13px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#CCCCCC;">E depois dessas (poucas) primaveras, descobri que vivo mais feliz quando não planejo, quando não espero nada e quando não esperam nada de mim. Eu posso sonhar e realizar ao invés de planejar, não posso?</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:13px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#CCCCCC;"><br /></span></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif;font-size:13px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#CCCCCC;">Mesmo levando esporro de terapeuta, algumas pessoas simplesmente são assim, oras.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:13px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#CCCCCC;"><br /></span></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:13px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#CCCCCC;">Que assim seja, então, 2010 dos 28. </span></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:13px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#CCCCCC;"><br /></span></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:13px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#CCCCCC;">Livre de mim mesma, em paz e com olhos brilhantes, cheios de sonhos. </span></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:13px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#CCCCCC;"><br /></span></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:13px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#CCCCCC;">T.L. 12/01/2010 - 15h30</span></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif;font-size:100%;color:#333333;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:13px;"><br /></span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif;font-size:100%;color:#333333;"><span class="Apple-style-span" style=" ;font-size:13px;"><br /></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;font-size:85%;"><span class="Apple-style-span" style=" white-space: pre;font-size:10px;"><object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/LggFQdO-VlM&hl=pt_BR&fs=1&color1=0x402061&color2=0x9461ca"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/LggFQdO-VlM&hl=pt_BR&fs=1&color1=0x402061&color2=0x9461ca" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;font-size:85%;"><span class="Apple-style-span" style=" white-space: pre;font-size:10px;"><br /></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;font-size:85%;"><span class="Apple-style-span" style=" white-space: pre;font-size:10px;"><span class="Apple-style-span" style=" white-space: normal; font-family:Georgia, serif;font-size:16px;"><div style="text-align: justify; "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:13px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#CCCCFF;">"I wonder why we listen to poets when nobody gives a fuck.</span></span></span></div><div style="text-align: justify; "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:13px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#CCCCFF;">I want a good life with a nose for things. The fresh wind and bright sky to enjoy my suffering. A hole without a key if I break my tongue. Oh, speaking of tomorrow, how will it ever come? </span></span></span></div><div style="text-align: justify; "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:13px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#CCCCFF;">All my lies are always wishes. I know I would die if I could come back new."</span></span></span></div></span></span></span></div></div>Thais Limahttp://www.blogger.com/profile/08165965158966335323noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4459205919790891865.post-10845502325690413362009-09-29T22:37:00.005-03:002009-09-29T22:58:25.197-03:00O grito do silêncioPerdida no silêncio solitário da noite<br />As ruas vazias retratam minha solidão<br />O apego desapegado<br />Domina minha mente inquieta<br /><br />O clima londrino permeia minha alma<br />De dentro para fora<br />A chuva é constante<br />A dor, incessante<br /><br />O tempo passa<br />E tudo permanece exatamente igual<br />Nada se constrói<br />Tudo desmorona<br />Dia após dia<br />Como um amontoado de tijolos<br />Sem a menor perspectiva de solidez<br /><br />Ao redor apenas palavras e gestos hostis<br />Lamúrias sem fim<br />Sem eira nem beira<br />A procura de uma vida feliz<br /><br />Caminho sem saber para onde ir<br />Aterrorizada e sem conseguir discernir<br />Onde termina o bem e começa o mal<br />Decido seguir.<br /><br />TL - 29/09/09 - 00h20Thais Limahttp://www.blogger.com/profile/08165965158966335323noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4459205919790891865.post-84527013645813936072009-09-21T23:35:00.008-03:002009-09-22T00:35:36.939-03:00Bagdad CaféE então chegou um dia em que ela se conformou.<br />Ela não sabia bem como, não sabia bem quando foi, mal sabia o porque.<br />Ela não sabia se queria se conformar, afinal, nem pensou nisso.<br />Mas se conformou.<br /><br />Em uma noite qualquer, aqueles anos passaram por sua cabeça. Ela se lembrou de tudo. Fechou os olhos e sentiu aquela esperança que carregou durante anos em seu peito, escorrer como grãos de areia por entre dedos.<br />Ela balbuciou meia dúzia de palavras em uma mesa de bar. Tomou um gole de cerveja. Aquele gosto amargo conhecia muito bem. Era o mesmo gosto amargo que há tantos anos habitava sua boca.<br /><br />Emudeceu de pavor. Seus pequenos olhos cor de mel abriram-se como se estivesse no escuro, a procura de qualquer coisa que lhe parecesse familiar. Ela procurava desesperadamente aquela dor. A dor da esperança do algo que jamais chegaria. Ela sempre soube que não chegaria. Mas essa dor era a única coisa familiar que ela tinha.<br /><br />Não encontrou. Olhou dentro de si e nada. Estava aterrorizada. Pensava se havia perdido o que tinha movido os últimos anos de sua vida. Como poderia viver sem a esperança do algo que jamais chegaria? Justo ela, que jamais havia pensado que poderia viver sem sentir aquela dor!<br /><br />Não! Ela não entendia, não aceitava! Estava confusa, pensava que era um momento apenas. Logo encontraria novamente a tal esperança, afinal, poderia ela viver sem a tal? Poderia ela pensar em si como um ser único e merecedor de algo que não fosse a esperança surrada de tantos anos?<br /><br />Olhou pro seu all star tão sujo e surrado quanto a tal. Percebeu que havia cuidado de sua vida como cuidava de seu tênis. Sua boca, já machucada com o peso dos anos, se entreabriu e sussurrou algum adjetivo sobre si mesma que jamais se saberá. Respirou. Precisava se acalmar. Estava sozinha.<br /><br />Pensou em pensar nisso no dia seguinte, como tantas vezes a aconselharam. Mas as luzes amarelas que vinham em sua direção a atordoavam. E agora?! Era a única coisa que podia pensar.<br /><br />Seu carro a levava pra lugar algum. Decidiu ir pra casa. Já não era mais seguro estar ali, perdida em seus pensamentos.<br /><br />Foi. Dormiu. Sonhou. Não se lembrou de nada quando acordou. O momento que mais temia ao longo de tantos anos chegara. Ela se conformou. Justo ela que jamais se conformara com coisa alguma, justo ela que jamais desistira!<br /><br />Sim. Já não havia mais o que fazer. O que para ela sempre fora impossível, havia finalmente acontecido.<br /><br />Ela percebeu então, que a dor de perder aquela tal esperança, era muito maior do que a dor de esperar por algo que jamais chegaria.<br /><br />Percebeu que, se não morrera naquele exato momento, não lhe restava nada, a não ser recomeçar.<br /><br />T.L. - 21/09/09 - 23h36 - #Calling You - George MichaelThais Limahttp://www.blogger.com/profile/08165965158966335323noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4459205919790891865.post-62824019452720987842009-08-20T23:21:00.001-03:002009-08-21T00:03:15.340-03:00A garota no vazioO que fazer com esse sofrimento atroz<br />Que dilacera teu peito<br />Vem de não sei onde<br />E vai pra lugar algum?<br /><br />Chora todas as tuas lágrimas<br />Queima o teu peito em brasa<br />Veste a tua falsa amarra<br />E sorria com a tua cara pálida.<br /><br />Bebe teu vinho barato<br />Acorda com teu rosto marcado<br />Respira como lhe foi mandado<br />E reconheça teu imenso estrago.<br /><br />Norteia tua maldita farra<br />Limpa a tua boca amarga<br />Amanheça com teu corpo nu<br />E abra teus olhos que isso não és tu.<br /><br />Arruma teus cabelos<br />Pinta tuas unhas de vermelho<br />Amanhã tu serás a mesma<br />A jovem mulher em solidão.<br /><br />Se arrastando pelo eterno chão<br />Destruindo tudo de grão em grão<br />Sedenta em busca de uma mão<br />Odiando tudo totalmente em vão.<br /><br />T.L. - quinta-feira - 20/08/2009 - 23h52Thais Limahttp://www.blogger.com/profile/08165965158966335323noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4459205919790891865.post-22480877622536072412009-08-09T23:10:00.001-03:002009-08-09T23:11:52.224-03:00"Vc não é pessima. Eh uma excelente pessoa, excelente mulher, excelente filha... é inteligente, amiga, companheira, fiel.... vc é tudo. Tudo o que uma pessoa pode querer para compartilhar a vida... além de tudo é linda." Ufa. Já tava pensando em cortar os pulsos.Thais Limahttp://www.blogger.com/profile/08165965158966335323noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4459205919790891865.post-50045624767883152782009-07-17T15:49:00.004-03:002009-07-17T16:14:27.601-03:00Apenas mais uma<div align="justify">Era uma vez uma menininha que nasceu em uma linda manhã ensolarada de domingo.<br />Essa menininha era única, era a mais esperada, a mais desejada, a que resolveria todas as frustrações de todas as pessoas ao seu redor.<br />Ela era tratada como uma pequena princesa, rodeada de amor, de carinho, vestiam-na de boneca, com lindos vestidos lilases e fitas de flores nos cabelos cacheados cor de mel. Porém essa pequena criança sempre fora demasiadamente assustada. Seus olhos eram pequeninos, brilhantes, curiosos, mas o medo a fazia paralisar. Ela não entendia porque se sentia tão diferente das outras crianças, ela sentia tudo ao seu redor, coisas que as outras sequer podiam saber, como de fato era para ser.<br />Tudo para ela eram sensações estranhas e distorcidas, tudo nela era profundo e nada fazia sentido.<br />Seu pai tentava de tudo para que ela sorrisse. Ela era risonha, era uma criança feliz. Quando ela chorava (e ela chorava muito, pois era exageradamente sensível aos estímulos exteriores) seu pai usava uma colher e um copo para pegar cada lagriminha que caia daqueles olhinhos cor de caramelo. Ele dizia que encheria o copinho na tentiva de fazê-la sorrir e ele conseguia, ela sempre sorria. Nunca ninguém a mandara engolir seu choro, ele era resolvido com uma tremenda sensibilidade que só existia ali.<br /><br />Lá por sua segunda infância ela passou a sentir alguns estranhos estímulos ao seu redor, algo que escondiam dela e ela não entendia porque as coisas não podiam ser faladas. Ela observava, sempre atenta, assustada.<br />Um certo dia ela então descobriu o que era. Seu mundo caiu sobre seus ombros (o que ela descobriria muitos anos depois que ele jamais sairia de cima deles) mas ela se manteve firme. Não queria mais que seu pai pegasse suas lágrimas com a colher, ela queria pegar as dele. Mas não podia, era ainda tão frágil, tão menina. Isso a fez descobrir uma terrível sensação de impotência. Ela entendeu que o melhor era que ela se trancasse em seu mundo de fantasias e continuasse apenas observando e sentindo sozinha a sua imensa dor. Não queria ser mais um fardo na vida de quem a amava tanto e esperava tanto dela.<br />Os anos foram se passando e ela já não sabia mais como viver no mundo das pessoas. Ela tinha o seu próprio mundo em que ninguém podia tocar, invadir ou machucar. Ela passou a não sentir mais nada que vinha de lugar nenhum. Ela só queria estar de coração aberto para que mais ninguém do mundo real sentisse aquela dor sufocante dentro do peito. Ela queria pegar todas as lágrimas de todas as pessoas com a colher e guardar no copo para que todas elas sorrissem e se sentissem protegidas.<br />Ela tentou ser o que todos esperavam que ela fosse. Ela lutou. Lutou tanto que em um certo momento já não sabia mais qual era a batalha em que estava. Ela foi se perdendo de todos. De todos que tanto amava e que tanto a amavam. Ela perdeu, naquele momento, a pessoa que a fazia sorrir, a única pessoa que a fazia sentir-se segura na vida. Eles se deixaram e nunca mais se encontraram. Ela sentiu raiva, sentiu dor, perdeu o fôlego anos a fio. Sentiu-se completamente abandonada por ela mesma. A solidão havia chegado em seu mundo de fantasias e passou a ser sua eterna companhia. Era o nada. Era o vazio. Não era o que ela queria. Ela não sabia que seria assim. Ela apenas queria ser forte para que não se preocupassem com ela. Ela não sabia que naquele momento estava definindo o resto de sua vida.<br /><br />TL - 17/07/2009 </div>Thais Limahttp://www.blogger.com/profile/08165965158966335323noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4459205919790891865.post-17980609869149925752009-07-15T15:27:00.001-03:002009-07-15T15:30:28.085-03:00BorboletaExistem dias<br />Que me perco em meio a minha dor<br />Dor que não se sabe porque dói<br />Onde dói<br />Apenas dói<br />E dói tão intensamente<br />Que o coração não aguenta<br />Bate descompassado<br />Desesperado em sofrimento<br />Querendo fugir<br />Escapar de dentro do peito<br />Terminar de uma vez por todas<br />Com toda a sua eterna insatisfação<br />Virar uma borboleta <br />E voar sozinho para nunca mais voltar.<br /><br />TL - 15/07/2009 - 15hThais Limahttp://www.blogger.com/profile/08165965158966335323noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4459205919790891865.post-5575653845825993912009-06-16T10:06:00.003-03:002009-06-16T10:22:47.527-03:00The Greatest - Cat PowerUma vez eu queria ser o melhor<br />Nem vento ou queda d'água poderia me deter<br />E, então, veio a agitação de uma enchente<br />E as estrelas da noite profundamente se pulverizaram<br /><br />Eu me derreti<br />Dentro de uma grande e escura armadura<br />Sem deixar rastros de graça<br />Nem ao menos em sua honra<br />Me reduziu<br />Aos acusados do sul<br />Os fazendo lavar um espaço na cidade<br />Para o líder<br />E com a ralé na minha cama<br />Eu estive dormindo<br />Reduza-me<br />Me fixaram, me prenderam<br />Seguro no chão<br />Para o próximo desfile<br /><br />Uma vez eu queria ser o melhor<br />Com dois punhos sólidos como pedra<br />Com cérebros que poderia explicar<br />Qualquer sentimento<br /><br />Me reduziu<br />Me fixou<br />Seguro no chão<br />E com a ralé na minha cama<br />Eu estive dormindo<br />Para o próximo desfile<br /><br />Uma vez eu queria ser o melhor<br />Nenhum vento ou cachoeira poderia me deter<br />E, então, veio a agitação de uma enchente<br />E as estrelas da noite profundamente se tornaram póThais Limahttp://www.blogger.com/profile/08165965158966335323noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4459205919790891865.post-61866669773046490942009-05-18T16:26:00.002-03:002009-05-18T16:57:49.802-03:00Só por hojeO tormento de minha alma<br />As vezes me faz esquecer o sentido<br />Do caminho que percorro.<br /><br />Dia após dia<br />Me esforço<br />Para viver uma vida normal, ser comum.<br /><br />Condicionada e presa<br />Por valores que não acredito<br />Ações, posturas, obrigações<br />Que não me cabem<br />Torturam minha mente<br />Inquieta, errante, livre.<br /><br />Metade do que sou hoje<br />É tudo o que eu nunca quis ser.<br /><br />Os anos passam<br />E nos rendemos a condições indesejadas<br />As palavras são as mesmas<br />Mudando apenas de lugar.<br /><br />Olho ao redor<br />Procurando algo com que eu me identifique<br />E nessas horas em que procuro<br />Nada encontro.<br /><br />Aprendi a não procurar<br />Para evitar a decepção de não encontrar.<br /><br />Essa rotina de falsos sorrisos<br />De palavras em vão<br />De batalhas sem sentido<br />Faz meu corpo se contorcer<br />De dor e tristeza<br /><br />E só por hoje<br />Queria ser o que já fui<br />Só por hoje<br />Odeio o que sou<br />Amanhã já não sei.<br /><br />Só por hoje<br />Eu queria a coragem de dez anos atrás<br />Só por hoje<br />Eu queria ter esperança<br /><br />Só por hoje e talvez nunca mais.<br /><br />TL - 01/08/08 - 17h15Thais Limahttp://www.blogger.com/profile/08165965158966335323noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4459205919790891865.post-3236351492129646742009-03-06T19:23:00.003-03:002009-03-06T19:24:42.919-03:00A vida como ela é<span style="font-family:trebuchet ms;">Não nasci para o amor.<br />Para alguns o amor é como a dor.<br />Sentimento triste, denso.<br />Triste como uma mariposa solitária<br />em uma tarde chuvosa de inverno.<br />Denso como a fumaça de enxofre queimado<br />que invade as narinas com ardor<br />mistura-se ao sangue<br />e invade os pulmões em uma ciranda sufocante.<br />Não nasci para o amor.<br />O amor é para mim<br />como um linfoma é para o corpo humano.<br />Instala-se discretamente<br />e com o passar do tempo<br />se apossa de cada célula<br />uma a uma<br />até que todas sejam dele.<br />Até que todo o oxigênio se acabe.<br /><br />Não nasci para o amor.<br /><br />TL - 26/01/09 - 14h30</span>Thais Limahttp://www.blogger.com/profile/08165965158966335323noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4459205919790891865.post-37464660988061702912009-03-04T16:10:00.003-03:002009-03-04T16:20:06.638-03:00<span style="font-family:trebuchet ms;">"Gosto dos venenos, os mais lentos.</span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">As bebidas, as mais fortes.</span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">Dos cafés mais amargos.</span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">E os delírios mais loucos.</span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer:</span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">E daí?</span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">Eu adoro voar!"</span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;"></span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">"E se me achar esquisita,</span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">respeite também.</span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">Até eu fui obrigada a me respeitar."</span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;"></span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">Clarice Lispector</span>.Thais Limahttp://www.blogger.com/profile/08165965158966335323noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4459205919790891865.post-43532240313768056682009-03-03T20:04:00.000-03:002009-03-04T15:35:14.961-03:00Virgínia<span style="font-family:trebuchet ms;">... é aquele tipo de sensação ambígua, de um lado o fio de esperança amarelada, desfacelando entre dedos nervosos e de outro, o desejo de tirar a dor, a racionalidade da certeza de que humano seria morrer sem horror. </span><br /><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">E quem disse que o ser humano, em sua essência, não é ambíguo e horrível?</span><br /><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">O que nos torna humanos, também nos faz desumanos. E os erros desumanos que cometemos nos tornam humanos!</span><br /><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">Existir é complexo. Ninguém disse que seria fácil.</span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;"></span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">TL - 25/01/09 - 18h30</span>Thais Limahttp://www.blogger.com/profile/08165965158966335323noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4459205919790891865.post-8777931524597755202009-02-23T10:09:00.000-03:002009-02-23T15:00:28.112-03:00Não Esqueça<span style="font-family:trebuchet ms;">Apenas não esqueça</span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">Amo, amo mto... </span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">além da vida, além da morte... </span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;"><br />sem você tudo é cinza...<br />o que dói em um coração<br />Dói nos dois...<br />e dói minuto após minuto<br />em que não sigo seus passos...<br /><br />e mesmo que um dia não me queira<br />estarei soprando ao seu ouvido<br />"eu te amo"<br />como uma leve brisa<br />refrescando<br />a perfeição de seu rosto...<br /><br />as lágrimas que inundam<br />nossos olhos há tanto tempo<br />são para regar nosso amor<br />que resiste a tudo e a todos...<br />você é o meu sorriso<br />Se um dia for embora...<br />apenas restará em mim<br />o vazio de esperar a morte me buscar...<br /><br />Apenas não esqueça...</span><br /></span>Thais Limahttp://www.blogger.com/profile/08165965158966335323noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4459205919790891865.post-53522646562282268062009-02-23T02:31:00.000-03:002009-02-23T10:29:48.650-03:00<span style="font-family:trebuchet ms;">Dor.</span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">Profunda.</span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">Latente.</span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">Dor.</span>Thais Limahttp://www.blogger.com/profile/08165965158966335323noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4459205919790891865.post-79201197279182459602009-02-18T18:44:00.001-03:002009-03-04T16:39:55.580-03:00<span><span style="font-family:trebuchet ms;">"Entre a felidade e a melancolia não medeia espessura maior que a de uma lâmina de faca. São irmãs gêmeas. E daí conclui-se que todos os extremos de sentimentos são aparentados com a loucura."<br />Orlando - Virgínia Woolf - pag. 25</span></span>Thais Limahttp://www.blogger.com/profile/08165965158966335323noreply@blogger.com0