sexta-feira, 6 de março de 2009

A vida como ela é

Não nasci para o amor.
Para alguns o amor é como a dor.
Sentimento triste, denso.
Triste como uma mariposa solitária
em uma tarde chuvosa de inverno.
Denso como a fumaça de enxofre queimado
que invade as narinas com ardor
mistura-se ao sangue
e invade os pulmões em uma ciranda sufocante.
Não nasci para o amor.
O amor é para mim
como um linfoma é para o corpo humano.
Instala-se discretamente
e com o passar do tempo
se apossa de cada célula
uma a uma
até que todas sejam dele.
Até que todo o oxigênio se acabe.

Não nasci para o amor.

TL - 26/01/09 - 14h30

quarta-feira, 4 de março de 2009

"Gosto dos venenos, os mais lentos.
As bebidas, as mais fortes.
Dos cafés mais amargos.
E os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer:
E daí?
Eu adoro voar!"

"E se me achar esquisita,
respeite também.
Até eu fui obrigada a me respeitar."

Clarice Lispector.

terça-feira, 3 de março de 2009

Virgínia

... é aquele tipo de sensação ambígua, de um lado o fio de esperança amarelada, desfacelando entre dedos nervosos e de outro, o desejo de tirar a dor, a racionalidade da certeza de que humano seria morrer sem horror.

E quem disse que o ser humano, em sua essência, não é ambíguo e horrível?

O que nos torna humanos, também nos faz desumanos. E os erros desumanos que cometemos nos tornam humanos!

Existir é complexo. Ninguém disse que seria fácil.

TL - 25/01/09 - 18h30